“Não haverá nunca distância suficiente entre nós e os monstros que nos habitam". Os monstros povoam os nossos medos e habitam os espaços onde tradicionalmente os pavores se escondem. O que seria dos monstros (e dos medos) se um dia ficassem sem lugares onde assombrar? Se a Maria Gancha tivesse de fugir do seu poço envenenado, se as Moiras Encantadas vissem incendiados os seus montes sem que os seus encantamentos fossem quebrados, se o habitat dos Tardos e Lobisomens estivesse tão poluído que não pudessem correr o seu fado por essas madrugadas fora? Do Bestiário Tradicional Português para as ruas das nossas povoações, as criaturas que assombraram os nossos avós encontram agora problemas que nunca imaginaram enfrentar: um mundo poluído tão inóspito que nem os monstros é capaz de acolher. Quatro peças, quatro intérpretes, todos os monstros da nossa tradição.