Por motivos alheios ao Centro Cultural de Ílhavo informamos que o espetáculo “Dracula”, organizado pela Vortice Dance Company, foi cancelado.
O Centro Cultural de Ílhavo declina qualquer responsabilidade neste cancelamento. Para a restituição de valor de bilhetes adquiridos para este espectáculo contacte a bilheteira do Centro Cultural de Ílhavo, através do telefone 234 397 260 (terça a sexta-feira 11h-18; sábado 14h-19h).
Agradecemos a V/ compreensão.
A Direção do Centro Cultural de Ílhavo
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Para a criação da peça Drácula, além de se inspirarem na obra literária de Bram Stoker, (escrita no virar do século e final da época vitoriana, que imortalizaria Vlad Tepes III, o empalador transformando-o num vampiro de poderes ancestrais), os coreógrafos Cláudia
Martins e Rafael Carriço beberam noutras fontes. Novas personagens, actuais ou não como a Baronesa Bathory, outras lendas, mitos e medos, que ainda hoje nos perseguem, serviram de mote à criação. Todos estes elementos têm em comum o facto de pertencerem a um fabuloso e enigmático universo de horror.
A peça começa vinculando-se e desvinculando-se da linha de acção do romance invocando as suas personagens, e, por novas linguagens, transmite uma ambiência mística de dor, alucinação, fúria e perda.
“Desde que o seu príncipe (Conde Drácula) se ausentara para a guerra, que o sono da princesa Elisabeth fora atormentado por pesadelos de terror e sangue”... atirou-se ao rio. Uma morte que causou tormento revolta e sede de vingança. O homem que outrora amara, tornou-se vampiro senhor das trevas. “Não procuro a jovialidade nem o regozijo, nem a volúpia de muito sol e águas borbulhantes que tanto agradam os jovens e felizes. {Drácula}
No desenrolar da peça acontece essencialmente uma desmultiplicação da personagem Drácula, que vai assumindo diferentes formas, caras, animais e corpos também eles presentes no mundo actual, o de hoje. A essência desse ser malévolo e de muitas outras
personagens é transposta para a contemporaneidade, explorando-se os vários contextos e as várias formas de como um lado sombrio de nós mesmos, ou um lado sensualmente perverso ou até um amor puro tornado tragédia, são passíveis de acontecer entre nós. Somos seres voláteis, alimentados a sangue corrente...somos de tracto fácil, mas complexamente difíceis de entender... mulheres e homens, são unha e carne que se enrola em jogos de dominação versus submissão permissiva. “A cor formosa tornou-se lívida, os
olhos pareciam lançar faíscas do fogo do inferno, a fronte enrugou-se como se as dobras de carne fossem os cachos de cobras de Medusa e a boca adorável, manchada de sangue, tornou-se um quadrado escancarado, como nas máscaras de cólera dos gregos e dos japoneses. {Dr. Seward sobre Lucy morta-viva}.
A nossa matéria é carne, brutalmente ensanguentada e nutrida com a essência de cada um. Essencialmente não somos puros, naturalmente, não somos bons todos os dias. É a nossa natureza, é a nossa maior fraqueza. Podres de medo, sucumbimos a tentações fáceis, fáceis de mais...
FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Direção: Cláudia Martins e Rafael Carriço
Coreografia: Cláudia Martins e Rafael Carriço
Cenografia / Videografia / Sonoplastia : Rafael Carriço
Figurinos: Cláudia Martins
Intérpretes: Cláudia Martins, Rafael Carriço, Rafaela Reis, Joana Puntel, Fábio Simões,
Renato Vieira, Anna Kurlikova, Kim Potthoff, Rita Pereira, Tiago Coelho, Valdemir
Santos, David Santos
Direcção Técnica: Nuno Martins
Desenho de Luz / Audiovisuais: Luis Paz
MÚSICA
WOJCIECH KILAR – The Beginning (6’40’’); The King of Fire (1’51’’); The Storm (5’04’’); The
Brides (4’56’’); Love Eternal (2’23’’);
PHILIP GLASS - In His Cell (1’32’’) ; Dracula (1’16’’); The Castle (3’13’’); When the Dream
Comes (2’09’’);
RACHMANINOV - Prelude Nº.2 In C Sharp Minor (4’42’’)
LOU RED - Perfect Day (3’46’’)