Amanhece e um homem, observando um porto marítimo assume o comando de um paquete que não chegou a entrar no cais. Parte deste cais, mimese imperfeita do cais absoluto, numa viagem feita dentro de si mesmo, perpetrando imaginariamente todos os comportamentos humanos e procurando “sentir tudo de todas as maneiras.”
Nesta viagem imaginária em que símbolos e sensações se confundem sem o recurso da razão, este texto usa ainda o recurso do imaginário marítimo português, sustentando nessa metáfora de fluxo e refluxo do movimento do mar, a contradição violenta de um homem que tenta reconectar e unir diferentes sensações de identidade, transformando-se ele no cais e no destino, revelando a sua pluralidade de sentidos e tomando corpórea a viagem.