“O que leva um homem a abrir o capot de um carro, consumido pelo fogo, e a olhar demoradamente para o seu interior? Se não lhe perguntarmos, nunca saberemos. No limite, poderemos especular usando a imaginação. Com a omissão da legenda ficamos sozinhos, no meio da paisagem inventada. O tempo é determinante na escolha das nossas fotografias, sobretudo nas que pareciam já estar devidamente arquivadas. Vivemos dias sem o direito à apatia, ao silêncio da gaveta. O modo como hoje vivemos e sentimos Portugal, faz-nos pensar neste estranho lugar e na face escondida da Lua – o único sítio onde o homem não consegue construir paisagem”.
Alexandre Almeida, Augusto Brázio e Nelson d’Aires, Dezembro 2014