A nova temporada da Companhia Olga Roriz será marcada pela celebração dos seus 20 anos de existência e dos 40 anos de carreira da sua diretora e coreógrafa, com a apresentação de várias peças nas principais salas do país.
O Centro Cultural de Ílhavo (CCI) assume a dança, em 2015, como uma das suas principais referências de trabalho, associando-se a esta efeméride com a apresentação de três peças de uma das maiores figuras da criação artística nacional, Olga Roriz, sendo o CCI igualmente um dos co-produtores da celebração dos 20 anos da Companhia.
Por vezes o corpo não nos dá tréguas e insiste em parar, deixando-se estar apenas perscrutando as suas dores.
“Tranquila!” – Diz-me ele – “Já voltaremos a dançar”
E espero, mas enquanto espero tudo à minha volta avança.
A árdua decisão de passar o testemunho torna-se evidente e assim faço a delicada escolha da intérprete. Quem fará de mim sem me copiar? Quem poderá apropriar-se de um solo tão delicado quanto dilacerante?
À Marta entreguei-me de alma e coração e fiz do meu corpo o dela.
O. Roriz-Nov.14
Direção, texto e voz off : OLGA RORIZ
Interpretação : MARTA LOBATO FARIA
Paisagem Sonora: ANTÓNIO VIEGAS
Cenografia: PAULO REIS/OLGA RORIZ
Figurino: MARIANA SÁ NOGUEIRA
Desenho de luz: CLEMENTE CUBA
Assistente de ensaios e dramaturgia : PAULO REIS
Assistente de cenografia e figurinos : MARIA RIBEIRO
Direção técnica : DANIEL VARELA
Imagens de arquivo: S.I.C.
Selecção de imagens e alinhamento: OLGA RORIZ/PAULO REIS
Edição: JOSÉ BRUNO PARRINHA - S.I.C.
“Os olhos de Gulay Cabbar” não aborda unicamente um facto real ocorrido num acidente na Turquia ou a forma insólita e cruel como os média transmitem, fria e indistintamente qualquer tipo de notícia, banalizando-as. Este solo é na sua essência, no seu percurso e na sua finalidade sobre a vida o amor e a morte. Não desta mulher, mas pelos olhos desta mulher, pelos seus gestos, a sua voz omnipresente, pelo que oculta e desvenda...O seu discurso, tão directo quanto ausente, são estilhaços de uma memória dispersa. As palavras são lançadas como setas com a tranquilidade de quem já nada tem a temer.