As pessoas desta peça poderiam falar mas dançam. No entanto, olham umas para as outras. Por vezes tocam-se e emitem sons guturais como as tartarugas quando fazem amor. Podia ser uma história, mas não é. São ambientes, paisagens de um mundo que já existiu.
Ficaram bocados soltos, descosidos como fantasmas que já não fazem estremecer alguém. Quando aparecem aos outros são figuras como em tempos houve os santos, o céu. Não sabem das emoções. Perderam-nas. Não as identificam por isso esfregam as mãos e sentem o calor das mesmas, as mãos esfregam-se e esfregam os olhos que quase sempre estão fechados Este lugar belo, perdido, chama-se “Pântano”. Esta beleza não nos diz nada, porque já não sabemos o que isso seja.
Só o espectador a verá. Gostava de ser alguma coisa. Este lugar. As cores rosa, amarelo, tu. Quando abrimos os olhos ficamos encadeados, fora de nós, saímos do corpo. No lugar mágico cheira-se o tempo, vê-se. Ele é o movimento do corpo. É a bruma. Há um palhaço louco que espera por si próprio. Há uma mulher magra que finge a dança que foi clássica, lugar. Há o homem nu perdido. Eles dançam, perdem-se, esperam. Não sabem o porquê de estar ali. Nem nós que os observamos descrentes neste mundo jamais novo e azul.