Três Parábolas da Possessão, de João Garcia Miguel

Três Parábolas da Possessão, de João Garcia Miguel

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2015/11/27

Com texto de Francisco Luís Parreira, João Garcia Miguel dirige três parábolas inspiradas no caso de Shadi Masoul, um jovem palestino de 12 anos que, armado com um cinto de explosivos e conduzindo-se a um posto de controle à entrada de Jerusalém, frustrou no último momento as suas intenções suicidas.
Sem preocupação com o que aí se constitua como facto noticioso, o texto transpõe o tema bíblico da Natividade, da Paixão e da Redenção do Filho para a atualidade, o conflito israelo-palestiano.

 

O texto extrai dos autos de Natal tradicionais o seu tema e certa pressuposição formal mais envolvida com os aspetos da sua projeção cénica e plástica. Na medida em que aquele tema é o da Natividade e da Paixão do filho, é correto dizer que o texto, num segundo nível, se compromete com a questão da permanência do mítico-mitológico na forma cénica. Ainda que a vida dos mitos possa ser imperecível, ela decorre sempre num intervalo devedor de duas realidades destinadas, no entanto, a perecer: a palavra e o corpo. Porque não podem sobreviver numa nudez tão absoluta que desconheça os corpos e a palavra, estão os mitos, no tempo, obrigados à negociação: decerto, com línguas que já não recordam o seu nascimento e, por essa via, com a dispersão da sua verdade; mas também com as sucessivas atualidades sem as quais eles nunca são plenamente significantes e que, por seu lado, são mais elas mesmas quando se reconhecem na vocação mitológica que está no centro do seu processo formador.

Com Martinho Silva, Frederico Barata, Sara Ribeiro e Rita Barbita

 

O Centro Cultural de Ílhavo é co-produtor deste espetáculo.

 
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