Em "A Noite Canta" vive-se o dia de um jovem casal com um filho recém-nascido. Num último esforço para a realização individual, os desejos de ambos colidem de forma assoladora. Na sala-de-estar da sua casa - apresentada ora como prisão, ora como refúgio do mundo - assistimos, muito próximos, a uma tragédia contemporânea íntima e delicada, que explora as fraquezas de um casal a adiar o fim da relação. Numa linguagem escassa, de palavras aparentemente banais, com uma música própria, feita de repetições e silêncios, a morte surge inesperadamente.
Jon Fosse abre janelas para a nossa vida, para questões existenciais. Escreve com amor e empatia sobre os que são deixados para trás. As suas personagens surgem frequentemente em estado de sonolência ou de fadiga, porque não podem deixar de pensar n’o que pode acontecer. A possibilidade é sempre mais real do que o atual. É por isso que ele escreve sobre mudanças. Como se cada lugar novo pudesse oferecer o que o passado não conseguiu. A vida não é senão esperar, estar suspenso entre o passado e o futuro, num presente que não pode ser capturado. Todos têm o mesmo medo de serem abandonados.
FICHA TÉCNICA
Encenação e Dramaturgia Tiago Correia
Texto a partir de "A Noite Canta os Seus Cantos", de Jon Fosse
Tradução Pedro Porto Fernandes
Interpretação Ana Moreira, António Parra, Pedro Almendra, António Durães (voz) e Cristina Carvalhal (voz)
Cenografia Ana Gormicho
Figurinos Patricia Shim
Desenho de Luz Francisco Tavares Teles (digressão/2017) e Rui Monteiro (estreia/2016)
Música Original e Sonoplastia Nélson Silva
Imagem e Registo Francisco Lobo
Design Gráfico Inês Gomes Ferreira
Coordenação Técnica de Som Tiago Ralha
Produção Tiago Correia e Vera Marques
Apoio Pedras e Pêssegos
Coprodução A Turma, Cão Danado, Teatro Municipal do Porto e 39º FITEI
Foto Francisco Lobo
Espectáculo apresentado no âmbito do 39.º FITEI