Nada se perde. É também por isso que Lavoisier é muito mais que o apelido de alguém que mudou a química, mas também o nome da banda regeneradora do cancioneiro popular português. Entre Alecrim aos molhos, a Machadinha, poemas do Zeca, cantigas em português do Brasil ou as suas próprias canções, Patrícia Relvas e Roberto Afonso têm a química que basta entre eles para que afinal tudo se crie, tudo se transforme. A receita é esta: “a influência do tropicalismo e do modernismo antropofágico brasileiros e as recolhas de Giacometti que resultam numa abordagem à música tradicional portuguesa”. Depois há a voz de Patrícia Relvas, tão transparente que cada poema parece um ecocardiograma cantado; e a paz de Roberto Afonso, que dá generosas cordas às histórias que contam numa acolhedora união, que é muito mais que musical. “Poetas mortos, desconhecidos vários, carnes inalcançáveis e a energia de um objeto com vida própria”. É tudo deles, mas resolveram que o primeiro disco seria “Teu”. O primeiro single chama-se “Opinião” e estávamos mesmo a pedi-la.