DOM | 16:00
Josephine Foster e Ka Baird juntam as vozes, cordas e sopros para desabafarem, mas também para confessarem sonhos. Foster e Baird são as eternas escravas da esperança do ciclo. Josephine, cantautora americana, vive e canta em 2018, mas podia estar em 1820 ou noutro ano ou século qualquer. A magia é essa, a viagem temporal da sua obra. Imagine-se, para isso, a bruma do velho oeste, a ópera do século XVIII, o tom de Jane Austen e o jazz das ruas de um Chicago na Lei Seca. Josephine Foster é tudo isso num corpo que se desmantela em várias almas.
Ka Baird
No mesmo dia de Josephine Foster atua Ka Baird, que pertence ao projeto Spires That in The Sunset Rise, mas que também se aventura a solo numa “trip majestosa, intensamente freak, sonicamente conduzida com ênfase em flauta processada em modo ritual e lunático ( a voz vagueia, livre, operática, mas também fantasmagórica)”. Um vulto em fartos caracóis, de piano colérico nos dedos ou flauta em punho, a flauta histérica, uma Ka Baird sempre absorta e o público refém do aparato, apropriando-se dele. Ka Baird declara, numa faixa, “You are myself”. Portanto, tudo bem. Ela deixa.
Concerto integrado no Acorda à Tarde - Ciclo de Concertos de Cordas
Este espetáculo tem o registo, na íntegra, da RTP.